sexta-feira, 28 de setembro de 2012

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Na rua mais bonita da cidade

Na rua mais bonita da cidade,
Onde os olhos se perdem
Olhando as gotas unidas
Passando no rio;
As árvores que ainda se mantêm,
A força da terra
Que é da mesma cor da água
Desse mesmo rio.
O vento vem vindo,
No ritmo em que costuma
Passar por aqui,
 Lento e não se demora,
Se alimentando das energias
Que saem de tudo que está vivo
Ou que em outro tempo foi.
Todo o dia surge um cenário distinto,
Nesse tom de céu amazônico
Cabem tantas cores, tantas dores,
O reflexo do rio, já rápido, sem madeiras
Nas nuvens que levam o pôr-do-sol.
No fim da rua  nasce uma pracinha,
Tem banquinhos, o coreto,
Policiais intimidando algum caboclo
Que corta o caminho
Dentre o mato crescido
Que já vem cobrindo de  verde
O muro dali;
E aqueles jovens reunidos liam alto,
Cada um do seu jeito
Alguma frase simples do poeta revelador.
O céu já escureceu, todos rindo, encontraram
os caminhos do encanto
Que os levam salvos, até  suas casas
Que ficam embaixo das estrelas
Dessa noite colorida de lindos sóis.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Ouça "Sobre o Acaso" na voz da Poeta Amadio

A banda Kali e Os Kalhordas publicou em seu Soundcloud neste domingo, 23 de setembro, todas as faixas de seu CD de estreia, ...e a Primavera Chega, cujo lançamento acontece no próximo dia 29, domingo, no SESC Porto Velho, no encerramento do festival Palco Giratório. 

A faixa de abertura conta com a participação especial da poeta Amadio, artista gentilmente cedida pelo Som do Norte. Ela lê o poema "Sobre o Acaso" (já publicado aqui no blog - http://poetaamadio.blogspot.com.br/2012/09/sobre-o-acaso.html).


domingo, 23 de setembro de 2012

Vê se Vê

Vê se vê
Vê se vem
Se os corredores estão vazios;
Se o céu escureceu
Se a flor já tem perfume
Que lembra o beijo meu.
Tem gente aflita
Mas  já se sabe que sem agonia
O coração ameaça parar.
Se tiver tudo certo
Me deixe de contraste
Para te lembrar a (im)possibilidade
De um caminho que pode seguir.
Eu sou a poesia
A parte que grita
Todos os (des)encantos para ti.
...É melhor deixar de me ver!?...


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Cortina de Fuxico

Há muito tempo se sabia da maravilha,
Elas se apreciavam como poucos,
Se viam no escuro, do espírito,
do olho do mundo,
Do abraço mais forte,
bem simples assim.
Se vestiam de  agrados,
fotografavam o pôr do sol,
Choravam lamentos,
 dor de tudo que não lembrava arco-íris.
Se buscavam, e  entre os presentes trocados,
um deles,  a cortina de fuxico, pendurada,
escorria parada, onde ela passava as mãos,
Lembrando de cada pedaço recheado de expressões de sua pequena;
e mais ela se enrolava e se fazia rodopiar,
bem no gingado
pelos quadris se espalhavam os os fios de fuxico
E ansiavam o melhor para ela de lá,
ofertando –lhe flores, num vestidos de flores,  com brinco  de flores,  garrafas de vinhos com flores pela sala, flores na cabeça a tocar,
flores para plantar, enterrar, ressurgir, renovar.
O tempo voltava  a contar e o segundo vinha certo,
e ela enfim acabava de passar agraciada pela cortina;
são desses afagos que os anjos mais gostam de aplaudir e
levar como  vento a ternura delas duas
para ver se repetindo outra cena de mimar

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O silêncio de cada coisa que falava

Invadiu o peito
O silêncio de cada coisa
Que falava;
Vivem conversando um com outro
O coração e a mente,
cada um tem seus argumentos
e  eu de telespectador  do meu eu.
O coração implora, a razão explica calmamente
que há caminhos di-versos
E por aí que ando seguindo.
E vou vendo os rostos sorridentes colados nos carros
e tropeço em folhetos sem poesia,
e de repente eu vejo uma formiguinha
indo ao encontro de outras,
vão em bando,
Todas uniformizadas,
 escondem os olhos em baixo
 da pequena sombra de seus bonés,
e fazendo seu repetitivo  trabalho,
 sem acreditar que seria possível um dia
existir um mundo que não permitisse
pessoas  se tornarem formigas,
Que os folhetos tivessem poesia,
que meu sorriso pudesse vir para outra beleza.
Minha mente não mente para mim
e consola o moço que, como eu,
às vezes quase que se sente amaldiçoado
Por ver os gestos, dentro dos gestos, escondidos,  não pra mim.
Trocam o abraço amigo, seguindo, cada um no seu sentido
Proclamam o que já viram
É possível ser cada um o universo.

Tom Zé presenteado com CD que tem participação de Amadio


Na primeira viagem da banda Kali e os Kalhordas, de Rondônia, para tocar em outro estado - no caso, o Acre -, eis que surge uma oportunidade ímpar de conhecer um ícone da MPB. Explico: a banda foi a Rio Branco para tocar no sábado, 15, no Acre Rock Festival. Na véspera, fez um som do Loft Bar (que reabriu há pouco, porém bem naquela noite foi alvo de protestos de vizinhos, que fecharam as ruas do entorno - mas aí já é outra história). 

E aí, como a própria banda publicou ontem no Facebook:

No meio de toda essa correria, descobrimos que o mestre Tom Zé estaria por aqui, e fomos lá dar um abraço e entregar nosso trabalho na mão desse grande arquiteto da música brasileira!

Na foto, vemos na mão do mestre baiano a edição promocional do CD ...E a Primavera Chega, que marca a estreia da banda, e será lançado no dia 29 em Porto Velho. O disco conta com a participação da poeta Amadio, artista gentilmente cedida pelo Som do Norte.

Tom Zé foi ao Acre apresentar, também neste sábado, 15, o show do seu novo CD Tropicália Lixo Lógico na 2ª Bienal da Floresta do Livro e da Leitura.

* Texto de Fabio Gomes postado originalmente no Som do Norte - 16.9.12

Sobre o acaso

Sobre o acaso
Me perguntaram
Se eu sabia falar.
Passei uns dias pensando
Procurando o acaso por onde quer que eu passava
Dentro das frestas, nas galerias,
Viajei pra longe
Olhando curiosa as pessoas nas ruas,
Nos quadrados de samba, nas esquinas.
Olha só!
O melhor do acaso
Se apresentou como
Algum mulato
Pra quem me derreti
E o meu será desapareceu
Tinha amor desde pequeno
Tinha cheiro de tempo bom;
A noite passou coberta de
Coincidências se mostrando
Voa hora, desce a lua, vem o sol...
Já me chamaram, volto acesa pra responder.
O acaso existe e se acaso acredite
Vez em quando o amor chega camuflado de acaso
E cada caso tem o seu acaso
Vem num passo,
 Perceba o seu...